uma furada

acupuntura é assim. você entra numa sala verde, com uma simpática médica de calça verde e deita em uma cama com pano verde. realmente a cor está na moda e não apenas nas saias das menininhas. ao fundo, uma música daquelas de relaxamento. ela sente seus pulsos, um de cada vez. pengunta se você é destro ou canhoto e como seu organismo funciona. tudo isso, em uma agradável temperatura de ar-condicionado.

aí ela começa a furar. o primeiro na perna direita. doeu. eu tenho a pele bem fininha. depois um na testa, mais 3 na perna e dois na mão, bem perto do polegar. penso em jesus cristo pregado na cruz, imagem que tanto me assustou na infância (ninguém havia me explicado quem ele era). dói. e parece que nem era pra doer. as agulhas do lado direito causam mais sensibilidade do que as do lado sinistro, e a pele em volta fica vermelha.

ela sai da sala e me deixa no escuro por 15 minutos. um pouco de luz do lado de fora entra pelas frestas... esqueci de falar da agulha na barriga. a única que tive tolerância a deixá-la colocar, das 5 que o local pede.

sem óculos, eu não sabia exatamente a posição que a agulha estava. muito louco ser míope e não enxergar algo na própria barriga.

minha mão ficou marcada. fiquei com medo, pavor daquela dor aguda, dor agulha. e antes de dormir, chorei ao tirar com pinça os preguinhos que estavam na orelha. isso não é pra mim.

hoje andando na rua, no meu adorado humaitá, enquanto caminhava pra almoçar num agradável italiano, respirei fundo e corajosa imaginei quantas agulhas a mais vou conseguir na próxima sessão. na primeira foram só nove.